Acho que meu(minha) filho(a) não me ouve bem. Como identificar melhor? Quais sinais podem mostrar que a criança está com dificuldade para ouvir?

Existem marcos de referência para o desenvolvimento auditivo das crianças desde o nascimento, ou seja, alguns comportamentos podem ser esperados de acordo com a faixa etária e desenvolvidos ao longo do tempo, que podem ajudar a identificar se a criança tem ou não dificuldades auditivas. Esses marcos são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e podem ser observados pelos pais ou responsáveis que convivem com as crianças. Antes de qualquer coisa, sugerimos prestar atenção ao comportamento da criança e como ela responde quando pessoas próximas se dirigem a ela. Além disso, observar sem que ela esteja vendo quando há algum barulho tentando acompanhar a reação que ela tem. Dessa forma, e buscando seguir por idades aproximadas, quando recém nascido espera-se que o bebê se assuste e até acorde com sons fortes; e que, de 0 a 3 meses acalme na presença de sons moderadamente fortes e músicas; dos 3 aos 4 preste atenção ao som e pode vocalizar (mas nesse período, mesmo os bebês que não escutam também podem vocalizar, pois não tem intenção); dos 6 aos 8 espera-se que seja capaz de localizar onde o som está sendo emitido e balbuciar ex.: “dada”; e finalmente aos 12 meses o balbucio acontece mais vezes e entende ordens, como por ex.: “dá tchau”.  É importante frisar que o balbucio pode ocorrer para crianças que ouvem e também para as que não ouvem, porque ainda não é “fala”, assim, esse será um momento decisivo para a continuidade da aquisição de linguagem da criança.

 

Vale ressaltar que os bebês que apresentam fatores de risco como internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) por mais de cinco dias, uso de respirador mecânico, exposição a antibióticos aminoglicosídeos e/ou diuréticos que são considerados medicamentos ototóxicos, diagnósticos como hiperbilirrubinemia, anóxia perinatal e infecções congênitas (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis, HIV), anomalias craniofaciais próximas a orelha, infecções bacterianas ou virais (sarampo, herpes, varicela, citomegalovírus, meningite)  devem ser monitorados de perto pelo Serviço de Atenção à Saúde Auditiva. E aqueles que falharam na triagem, no monitoramento ou no acompanhamento feito com base nos marcos citados acima, devem ser encaminhados para o diagnóstico funcional nos Centros de Reabilitação (CER) ou Serviço de Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade, de acordo com a Portaria MS/GM nº 835, de 25 de Abril de 2012.

 

Para mais informações acesse:

1. Portaria MS/GM nº 835, de 25 de Abril de 2012: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt0835_25_04_2012.html

2. Diretrizes de Atenção à Triagem Auditiva Neonatal: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_triagem_auditiva_neonatal.pdf